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Arquitetos: Nelson Resende Arquitecto
- Área: 92 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Tripé
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Fabricantes: MDF, Rubicer, Sosoares
Descrição enviada pela equipe de projeto. A construção de uma pequena casa num lote bastante exíguo, com 80,00m2, localizado junto ao parque da cidade, em Ovar, permitiu resolver uma tipologia t2, com áreas bastante controladas e desenvolvidas num tipo de construção que se pretendeu flexível e adaptável, numa certa adequação do pedido à própria área do terreno existente.
A localização privilegiada, atendendo a que esta casa se localiza na primeira linha sobre o parque urbano da cidade, acaba por colocá-la em posição de evidência, pelo que a sua materialização tendeu a assumir a responsabilidade de fazer alçado da cidade, garantindo a criação de uma imagem urbana melhorada, uma espécie de casa objecto, assumidamente trabalhada como uma escultura habitada.
Estamos, no entanto, a falar de uma micro-construção, com uma área de implantação de 40,00m2, permitindo desenvolver a habitação em dois pisos mais um acesso ao 3º piso, espaço de usufruição exterior por excelência.
A estratificação do programa, uso social no r/c, privativo no 1º andar, terraço no 2º andar, é acompanhada por uma diferenciação dos polígonos de cada um dos pisos, dos materiais que os compõem, externa e internamente, assim como dos ambientes que se procurou criar.
O jardim do logradouro que amplia o do parque e que amplia o usufruto dos espaços interiores adjacentes, a pequena varanda de apoio aos quartos e finalmente o terraço, na volumetria que se procura fundir com a paisagem.
O resultado estético da articulação dos vários materiais é também o resultado da procura de um certo registo bucólico, de acomodação com a cada vez maior presença visual do parque e das suas árvores que crescem ano após ano, densificando as copas e as sombras que produzem, tornando os percursos mais agradáveis, criando habitat para os vários pássaros que chilreiam, para a brisa que através das árvores cria melodias de embalar e que, por esta via, nos permite olhar para a casa como uma espécie de retiro, em que não só o próprio objecto construído como nós próprios nos podemos dar ao luxo de um certo abandono da mundanidade, uma espécie de desinteresse consciente da urbanidade, do frenesim e da vida de todos os dias - e a casa também ela revela esta aparente empatia com uma postura mais relaxada, despretensiosa e silenciosamente acomodada na sua aparente vulgaridade que mais não é do que a aceitação do seu entorno.
Tentando envelhecer de forma honesta e integrada com o jardim que a rodeia, criando patines nas diferentes tonalidades de betão aparente que constituem cada um dos seus pisos.